JOHN GRIERSON (Escócia P 1898- 1972)
&
ESCOLA INGLESA DE DOCUMENTÁRIO*


O termo DOCUMENTÁRIO foi usado pela primeira vez num artigo escrito por Grierson para o jornal New York Sun em fevereiro de 1926. Era o comentário do filme MOANA de Robert Flaherty e o termo foi emprestado do francês "documentaire" com o qual eram designados os filmes de viagem.

Assim Grierson escreveu: "sendo um relato visual da vida cotidiana dos jovens polinésios tem valor documental". Mais tarde definiu esse tipo de filme como "de tratamento criativo da atualidade". Essas definições do cinema documentário vão designar, nos seguintes vinte anos, um vasto e riquíssimo filão de filmes de comentário social.

Filho de um professor de aldeia, Grierson acompanhou de perto a atividade pedagógica do pai, ficando marcado para sempre por um olhar "educador" sobre o mundo. Seu pai inovou alguns métodos pedagógicos sobretudo por utilizar o cinema como complemento didático. A observação dos resultados duvidosos da ideologia individualista que o pai imprimia à formação dos filhos de operários, condicionou-o a buscar sempre uma perspectiva comunitária em todas as ações que desenvolveria nos vários projetos que dirigiu na vida. Estudou filosofia na Universidade de Glasgow e recebeu uma bolsa para estudar os mecanismos de funcionamento da opinião pública nos EUA.

Tomou conhecimento do funcionamento dos vários meios de comunicação e foi influenciado pelas inovações introduzidas no jornalismo por William Randolph Hearst (jornalista que inspirou a Orson Welles a criação de Cidadão Kane). Elegeu o cinema como seu meio privilegiado de estudos, pois seu desejo era SUBSTITUIR A FÓRMULA EDUCACIONAL DA ACUMULAÇÃO DE FATOS POR MÉTODOS DE APREENSÃO DRAMÁTICA DA REALIDADE.

Chegou a fazer crítica de cinema e a conviver com alguns realizadores importantes na década de 20 como Sternberg e Chaplin. Voltando à Inglaterra ligou-se ao Empire Marketing Board e dirigiu seu único filme - DRIFTERS (1929) - sobre a vida dos pescadores de arenque. O sucesso do filme abriu espaço para desenvolver sua verdadeira vocação - produtor.

Nessa função Grierson reuniu a sua volta inúmeros jovens que viriam a constituir, depois da guerra, um vigoroso e criativo grupo no cinema inglês. Entre eles David Lean.
Chamou para seu grupo aquele que o inspirou na linguagem documental - Robert Flaherty. Também abriu espaço para o brasileiro Alberto Cavalcanti que, saindo da avant-garde francesa, interessou-se pela oportunidade de pesquisar o desenvolvimento do som no cinema. Grierson fica no E.M.B. de 1930 a 33. Em 1934 criou a General Post Office Unit - GPO dentro da Empresa Britânica de Correios e Telégrafos, na época considerada o maior exemplo de eficiência da administração inglesa. Pouco antes da guerra Grierson mudou-se para o Canadá onde continuou sua atividade de produtor no National Film Board.

Durante a guerra produziu os filmes de Norman Mac Laren e também um documentário de Joris Ivens. Logo após a guerra Grierson foi chamado para dirigir o Departamento de Mass Comunication da recém-criada UNESCO onde desenvolveu um projeto de co-produção internacional de documentários. Nos últimos anos de sua vida esteve na África do Sul produzindo documentários.

Alguns clássicos da ESCOLA INGLESA DE DOCUMENTÁRIO

1929 - Drifters - John Grierson
1933 - Industrial Britain - Robert Flaherty
1934/35 - Man of Aran - Robert Flaherty
1934/35 - The Face of Britain - Paul Rotha
1936 - Coal Face - Alberto Cavalcanti
1936 - Night Mail - Basil Wright e Harry Watt
1937 - We live in two Worlds - Alberto Cavalcanti
1938 - North Sea - Harry Watt

* Biofilmografia desenvolvida pela Profa. Dra. Marília Franco para a disciplina DOCUMENTÁRIO ministrada na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.

** As biofilmografias podem ser constantemente atualizadas pelos visitantes com indicações de pesquisa, publicações, sites e textos publicados sobre o autor enfocado.