Solos

por Filipe Salles

São músicas escritas para um único instrumento, como o próprio nome, em italiano, já diz (solo= só). Embora exista o conceito de solo na música sinfônica, que é quando um instrumento toca sozinho, destacado de seu naipe (desconsiderando o concerto, que é uma peça sinfônica com solista específico), aqui me refiro a particularmente obras para instrumento sem acompanhamento nenhum.


Os Solistas

Estes são os chamados virtuoses. Solista é aquele que se dedica a um instrumento de tal forma que sua competência interpretativa lhe permite fazer solos, ou seja, tocar concertos ou tocar seu instrumento sem nenhum acompanhamento. Claro que isso depende um pouco do repertório, já que nem todos os instrumentos possuem peças solo sem nenhum acompanhamento. Neste aspecto o piano tem larga vantagem sobre os demais, pois seu repertório de concertos e peças solo é imenso. O violino fica logo atrás, seguidos dos demais instrumentos de corda (o violoncelo, por exemplo, conta com relativamente pouco repertório solo, sendo as Seis suítes de Bach, seu carro-chefe. Considerando o número ainda menor de solos para viola e contrabaixo, é comum a transcrição delas para estes instrumentos) e sopros em geral.

Alguns grandes solistas deste século: O lendário violoncelista espanhol Pablo Casals (esq.) e o célebre pianista (agora regente) russo Vladimir Ashkenazy

No caso dos concertos, a coisa muda um pouco de figura: além de não tocarem totalmente desacompanhados, há muito mais repertório para quase todos os instrumentos, de maneira que os solistas travam longas batalhas contra o maestro, tentando impor-lhes sua leitura pessoal por vezes alheia à do regente. Muitas vezes o ouvinte sai ganhando com tal confronto, produzindo leituras heterodoxas que sempre nos mostram novas facetas de obras muitas vezes já gastas pelo excesso de execução, mas isso não é regra.

No caso de peças solo para piano, o instrumentista fica totalmente à vontade para delirar conforme seu senso - ou falta dele - interpretativo. As peças de Fréderic Chopin (Noturnos, Scherzos, Baladas, Prelúdios, Valsas, Estudos e afins), Franz Liszt e as sonatas de Beethoven passam por ser os cavalos de batalha da literatura pianística melhor representados para satisfazer aos gostos dos intérpretes, uma vez que possuem uma alta densidade emocional aliada a uma extrema virtuosidade técnica - a parte que eles mais gostam de mostrar. Schubert, Schumann, Grieg, Mendelssohn, Brahms e outros românticos, também são visitados com certa constância, dada a riqueza de suas produções pianísticas.

Considerando que a música erudita só é em função de uma execução, e que esta é subordinada ao intérprete, quer solista, quer um conjunto e seu maestro, devemos concluir o quão importante é primar pela escolha, no caso da compra de gravações em CD, de uma boa interpretação para que tenhamos uma idéia clara da música. A interpretação medíocre pode transformar até a Nona Sinfonia num tedioso conjunto de notas desconexas.

copyright©2002 Filipe Salles

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