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Gerda Taro (1910–1937): a efemeridade da existência

por Fabiola Notari (1)

Pioneira no fotojornalismo de guerra fora esquecida durante anos à sombra de fotógrafos, que, como ela, lutaram pela liberdade em tempos de guerra tendo a fotografia como sua única e mais potente arma contra as injustiças sociais.

 

Gerda Taro, em sua breve existência registrou o tempo em transformação, a guerra e suas consequências. Nesse limite entre vida e morte, doou sua própria vida em nome de sua fotografia, daquilo em que acreditava. Suas fotografias até hoje emocionam a ponto de nos fazer refletir constantemente sobre nossa postura frente às adversidades pelas quais vivemos.

Gerda Taro nasceu em Stuttgart como Gerta Pohorylle numa família de migrantes judeus. Em 1934, após a invasão alemã, viajou para Paris, onde conheceu Friedmann Endre (1913-1954), o qual lhe ensinou a arte de fotografia, que posteriormente se auto nomeou Robert Capa.

Em suas fotografias, Taro combinava dinamismo e ângulos inusitados, características do movimento Nova Visão ou Nova Fotografia criado por Laszlo Moholy-Nagy (1895-1946) no início do século XX. Com um olhar atento aos detalhes, a fotógrafa nos aproxima emocionalmente às pessoas fotografadas; vidas finitas eternizadas no instante fotográfico.

Enquanto fotojornalista, ela acompanhou a Guerra Civil Espanhola (1936-1939) em parceria com Robert Capa. Suas fotografias foram reproduzidas incontáveis vezes por publicações de esquerda, entre eles, o jornal francês Ce Soir, no qual assinava como Taro. Enquanto fotografava a batalha de Brunete em julho de 1937, morreu acidentalmente atropelada por um tanque de batalha durante um ataque das tropas franquistas. Seu corpo foi trasladado para Paris, onde recebeu todas as honras como uma heroína republicana, sendo considerada símbolo do fotojornalismo revolucionário e mártir da luta antifascista.

Durante anos, muitos de seus negativos e fotografias ficaram em posse de Robert Capa, e junto com esse arquivo a memória dessa mulher incrível que não se omitiu frente a seu dever – mostrar ao mundo sua realidade. Somente em 2002 a Fundação Cornell Capa doou cerca de 300 imagens, entre impressões e negativos, para The International Center of Photography tornando assim pública novamente as imagens de Taro.

Gerda Taro era uma jovem consciente do seu tempo, uma fotógrafa madura que mostrava um mundo em transformação. Sua morte, como todas as mortes na linha do dever, deixou o gosto amargo da injustiça.

 

Gerda Taro - Soldado republicano tocando corneta, Valência, Espanha, 1937

 

Gerda Taro - Vítima de ataque aéreo no Hospital de Valência, Espanha, maio de 1937

 

Gerda Taro, Valsequillo, frente de Córdoba, junho-julho de 1937

 

Fotografias de Gerda Taro publicadas na Revista Vu, August 29 1936

 

Fred Stein - Gerda Taro, 1935

 

Referências:

OLMEDA, Fernando. Gerda Taro, fotógrafa de guerra. El periodismo como testigo de la historia. Editorial Debate, 2007.

International Center of Photography

http://www.icp.org/exhibitions/gerda-taro

Acessado em 22 de agosto de 2015, às 12:10

Magnum Photos

http://www.magnumphotos.com/C.aspx?VP3=SearchResult&VBID=2K1HZOLG08ZJQI

Acessado em 22 de agosto de 2015, às 10:20.

(1) Fabiola B. Notari é artista visual e pesquisadora. É doutoranda em Literatura e Cultura Russa no Departamento de Letras Orientais (DLO/FFLCH/USP) e mestre em Poéticas Visuais pela Faculdade Santa Marcelina (FASM/ASM). Leciona História da Fotografia e Fotomontagem no Curso Superior de Fotografia no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo e coordena o Grupo de Estudos Livros de artista, livros-objetos: entre vestígios e apagamentos na Casa Contemporânea.

http://casacontemporanea370.com/article/Grupo-de-Estudos-Livros-de-artista-livros-objetos-.html

Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/1828197136276074