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A memória preservada

New York Film Festival inaugura mostra de filmes restaurados.

Em ótima hora, o Festival de Nova York programou para sua 51ª edição (27.09 a 13.10) uma nova Mostra, intitulada sugestivamente de Revivals,  composta de filmes recentemente restaurados...

 

... por organizações particulares e governamentais,  bem como fundações criadas para a guarda da obra de determinados diretores.  

Ken Jones, diretor do NYFF, ressalta que os filmes constantes da Revivals,  representam um pequeno corte transversal  na história do cinema. 

“Para mim, revisitar  filmes antigos pode vir a ser uma experiência mais rica do que ver novos filmes. E se você estiver vendo qualquer um desses filmes pela primeira vez, terá uma experiência inesquecível”, diz Jones, em sua estreia à frente do evento, após substituir Richard Peña que dirigiu o festival por 25 anos.

No texto enviado à imprensa, a organização do evento dá mais informações, explicando que “a mostra se caracteriza por trazer de volta às telas grandes filmes recuperados, na forma de um retorno, um voltar à vida, um reviver de forma nova e diferente”.

A Mostra, com onze títulos, é constituída de filmes que representam ou fazem parte de diversas fases do cinema universal.

– Três  filmes são clássicos do cinema noir: 

 

Senda do Terror, de Arthur Ripley (1946). Adaptado do livro The Black Path of Fear, de Cornell Woolrich. Durante muitos anos, o filme estava disponível somente em cópias de baixa qualidade. Após um negativo ter sido encontrado na Europa, o filme foi restaurado pela UCLA Film & Television Archive, com o patrocínio da The Film Foundation e da The Franco-American Cultural Fund.

 

Justiça Injusta, de Cy Endfield (1950) é baseado num fato real acontecido com dois homens em 1933 na Califórnia e mostra, de forma poderosa, como foram seduzidos pelo crime. Foi restaurado pela UCLA Film & Television Archive e The Film Noir Foundation

 

Amarga Esperança (1948) de  Nicholas Ray.  Filme de estreia do consagrado diretor é estrelado por Farley Granger, se passa nos ano 30 e segue o jovem Bowie e dois comparsas que fogem de uma prisão no Mississipi. Serviu também de inspiração para Terra de Ninguém e road movies sobre casais em fuga. 

 

– Além de Amarga Esperança, Nicholas Ray também marca presença na Revivals com um faroeste psicológico:

 

Paixão de Bravo (1952).  O filme traz como protagonista o ícone Robert Mitchum, vivendo uma história que mergulha na subjetividade do ser humano, nas suas características mais primárias e instintivas e seu insaciável desejo de busca de dominação e poder. O filme foi restaurado pela Warner Brothers, em colaboração com a The Film Foundation e The Nicholas Ray Foundation. 

 

 

 

– O cinema francês está presente com três filmes:

 

Providence, de Alain Resnais (1977). Primeiro título do diretor francês rodado em inglês. Além do humor negro, traz o tema recorrente de Resnais sobre o tempo e a memória. John Gielgud tem um dos seus melhores papéis no cinema como um escritor que se isola num casarão para escrever o que seria seu último romance.  Restaurado pela Jupiter Communications em colaboração com o diretor de fotografia Ricardo Aronovich.

 

Wiseman practices his craft with great subtlety.Boy Meets Girl (1984) e Sangue Ruim (1986), de Leos Carax, o cineasta conhecido por seu estilo poético e interpretação tortuosa do amor.

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Wiseman practices his craft with great subtlety.O primeiro é sua estreia em longas. Num viés de fábula e fotografado em preto e branco, marca sua longa parceria com Denis Lavant, protagonista da grande maioria dos seus filmes.

 Sangue Ruim é uma ficção científica com influência do cinema noir, sobre um rapaz (Lavant) contratado para roubar a suposta cura de uma doença transmitida através do sexo sem compromisso e que, no processo, se envolve numa trama romântica.

– A cinematografia italiana é representada por um dos diretores mais importantes do cinema:

 

Vagas Estrelas da Ursa Maior, de Luchino Visconti (1956). Neste filme Visconti deixa de tratar a família sobre o ponto de vista social para abordar temas psicanalíticos ligados a questões do inconsciente e do incesto. Embora o público e crítica tenham ficado divididos sobre o filme, ele permanece até hoje como um clássico do tema.  Restaurado por Sony Pictures Entertainment e Fondazione Cineteca di Bologna, em colaboração com Archivio Storico Delle Arti Contemporane (ASAC).

 

– Dois filmes são oriundos de cinematografias que, sem a iniciativa de organizações ligadas à área de preservação, correriam o risco de serem perdidos.

 

Manila in the Claws of Light, de Lino Brocka – Filipinas (1975) e  Mysterious Object at Noon, de Apichatpong Weerasetakhul – Tailândia (2000). 

 

O primeiro foi restaurado pela World Cinema Foundation e pelo The Film Development Council of the Philippines na Cineteca di Bologna/L’Immagine Ritrovata, em associação com Cinema Artists Philippines e Mike de Leon. O diretor morreu tragicamente em um acidente de carro com a idade de 52 anos.  Mysterious Object at Noon teve sua restauração realizada pelo Austrian Film Museum, em colaboração com a The World Cinema Foundation.

 

– Por último, retorna um clássico da obra de Martin Scorsese, um dos diretores mais importantes do cinema e ele mesmo um preservacionista. 

A Idade da Inocência, 1993. Neste filme de época, passado na alta sociedade nova-iorquina de 1870, não há violências explícitas, mas o diretor expõe lutas  que podem ser tão ou mais violentas que aquelas, a de sentimentos íntimos negativos.

Tudo ocorre sob a capa dos bons costumes, discrição e elegância. Como definiu Michelle Pfeiffer, protagonista do filme, à época do lançamento: “o derramamento de sangue é emocional”.  O relançamento no NYFF é a primeira sessão depois do filme ter sido restaurado pela Sony Pictures.