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Jurassic World – Reino Ameaçado: Terror com dinossauros

Por Ettore R. Migliorança

Continuação do reboot da franquia aposta num clima sombrio para disfarçar roteiro irregular.

Representar um filme icônico para a história do cinema nos dias atuais é sempre um caminho arriscado, ou pelo menos repetir a glória que ele causou em seu lançamento. Tudo isso nunca foi fácil. Isso se refere a retorno da franquia Jurassic Park- Parque dos Dinossauros, iniciado pelo filme dirigido por Steven Spielberg em 1993, que permanece até hoje como uns dos pilares da nova era de efeitos especiais no cenário do cinema atual. A partir de então seguiu com duas continuações mornas em 1997 com Mundo Perdido – Jurassic Park dirigido novamente por Spielberg e um terceiro filme lançado em 2001 denominado Jurassic Park 3 dessa vez dirigido por Joe Johnston.

A princípio seria um encerramento de franquia, até o relançamento do reboot da franquia em 2015 com Jurassic World – Mundo dos Dinossauros dirigido por Colin Trevorrow, que se tornou um sucesso instantâneo de bilheteria, chegando até mesmo a superar a bilheteria do primeiro filme. Naturalmente o sucesso de um filme incita a produção de sequências imediatas, agora sob o nome de Jurassic World – Reino Ameaçado.

Passando-se três anos após os eventos do filme de 2015, o filme traz a Ilha Nubar, o parque destruído pelos dinossauros, agora ameaçada pela iminência de uma destruição vulcânica que põe em risco todos os animais na ilha. Então, a pedido da diretoria antiga do parque, Claire (Bryce Dallas Howard) e Owen (Chirs Pratt) devem retornar a ilha para ajudar a resgastar os dinossauros da possível “segunda extinção”, porém o que eles descobrem durante a missão são segredos ocultos que podem levar a perigos maiores do que eles jamais esperavam.
Como é muito comum na franquia, há um troca de direção, sai Colin Trevorrow, que se mantem apenas como co-roterista ao lado de Derek Connolly, e em seu lugar entra o pouco conhecido, porém ótimo cineasta espanhol J.A. Bayona, realizador conhecido pela versatilidade ao lidar com o cinema de gênero, embora sempre mantenha seu gosto particular pelo sobrenatural, seja num terror declarado como seu filme de estreia O Orfanato (2007), seja na tenção dramática perante a tragédia em O Impossível (2012), ou no universo fantástico da juventude em Sete Minutos Depois da Meia-Noite (2016) e até mesmo em seu trabalho recorrente na série gótica Penny Dreadful (2014 – 2016).

Como há uma troca de direção, há uma nova forma de compor elementos mais inovadores da franquia, pois Trevorrow fazia uma aposta segura num clima de nostalgia, no sentido de querer recriar cenas icônicas para apresentar a uma nova geração aquela magia que cativou os espectadores no filme de Spielberg. Havia um desejo de Colin Trevorrow de querer homenagear o consagrado filme de 1993. Em contra-partida o novo filme aposta num elemento que fez falta na produção de 2015: o suspense. Spielberg semrpe jogou com elementos de suspense, existia um flerte entre a aventura grandiosa, odeslumbramento de ver dinossauros trazidos de volta a vida na atualidade, e a construção de uma tensão perante às ameaças dos dinossauros, principalmente do tiranossauro rex e dos velociraptors, o principais da franquia.

Como a especialidade de J.A. Bayona se refere ao terror, o diretor opta em trazer isso para a franquia, tanto no visual obscuro e trilha sonora góticas, quase remetendo aos clássicos de terror dos anos 1930 e 1940, exemplo disso é o grande clímax do filme que remete ao elemento tradicional da mansão “mal assombrada”, dessa vez com dinossauros no lugar de fantasmas, de modo que as criaturas pré-históricas se tornam os monstros ideais para criar situações de tensão e suspense bem executados, sequências que, embora tenham seu clímax na cena da mansão, são criadas desde o início.

Mas se de um lado temos novidades na direção e na proposta para um filme novo da franquia, ainda temos problemas recorrentes que foram herdados da produção de 2015. Trata-se dos personagens humanos, que permanecem esvaziados, tendo em vista que Colin Trevorrow ainda se mantem como roteirista e ainda não consegue enxergar os defeitos que os seus personagens carregam do primeiro filme

O casal protagonista ainda continua forçado e não consegue transmitir carisma, mesmo sendo interpretado por atores notórios em outras produções e aqui não são nada além do que o roteiro propõe. E para piorar, a trama é previsível, com subtramas desnecessárias e que ainda remetem à tentativa de reciclar elementos e cenas do filme Mundo Perdido, ao invés de apostar numa trama mais original, apesar de ainda possuir boas intenções ao inserir um debate sobre se é necessário salvar animais que já deveriam estar extintos, dilema exposto pela fala de uns do personagem principais dos filmes originais, o dr. Ian Malcolm, interpretado por Jeff Goldblum, que retorna ao novo filme para saudar os fãs do original.

Nem melhor ou pior que seu antecessor, Jurassic World – Reino Ameaçado continua na linha do primeiro filme, e se atrela à proposta de ser um filme casual, um entretenimento direto, rápido e esquecível. Onde de um lado se tem melhoria de direção e proposta inovadoras a franquia, de outro ainda há falta de melhoraria de roteiro, e prepara um terro para um terceiro filme e que indicar novas e ousadas ideias para franquia, no sentido em que tudo pode acontecer, e parece prometer novas aventuras nesse mundo de dinossauros.

 

Ettore R. Migliorança é estudante de Cinema, com ênfase em roteiro e análise de filme, e já produziu dois curtas universitários