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Catherine Breillat subverte o conto de Barba Azul

Um conto de fadas belo e aterrador com a assinatura inconfundível da diretora francesa.

A primeira vez que Barba Azul chegou às telas foi ainda na época do cinema mudo com o curta-metragem de George Méliès em 1901.

Após servir de inspiração para outros realizadores, a história de um lorde cujas esposas desapareciam em série sob misteriosas circunstâncias, é contada agora pela diretora Catherine Breillat, que traz uma nova leitura do famoso conto do escritor francês Charles Perrault (1628-1703).

O filme – integrante da programação do Festival de Nova York – marca o retorno da diretora ao evento onde apresentou há dois anos atrás Uma Velha Amante, também adaptação de uma obra literária, desta vez de Barbey d’Aureville

A história de Barba Azul é narrada, na França dos anos 50, através de duas jovens que levam, para o final do século XVII, a ação do fantástico conto de crueldade, curiosidade, conflito e amor fraternal.

Através de sua inocência, as jovens nos mostram que os mitos poderosos ressoam de geração a geração, permitindo que nossa imaginação preencha os brancos, já que não é o texto propriamente o que importa, mas o que fazemos com ele.

A história tem início logo após a morte do pai da jovem Marie-Catherine (Lola Créton) quando ela aceita se tornar a nova esposa de um sinistro aristocrata (Dominique Thomas). Para ela é uma forma de sair do dilema entre acabar num convento ou continuar vivendo à sombra de sua bela e talentosa irmã.

O marido dá a sua jovem esposa as chaves dos quartos do castelo, com a permissão de entrar em todos, menos em um. Um dia quando Barba Azul está fora, Marie desobedece à regra de entrar no quarto proibido.

Breillat optou por determinadas adaptações na transposição do conto de Perrault para as telas. Embora mantendo sua essência, foram realizados alguns ajustes, principalmente quanto ao desnudamento das metáforas da obra, à captação da atmosfera do período e a eliminação dos vícios e lugares comuns no cinema do gênero.

A diretora francesa de elogiados trabalhos como Romance e À Ma Soeur tem declarado que Barba Azul talvez seja o filme que mais espelha sua personalidade, já que representa uma forma de expressão isenta de tabus e accessível para o público em geral.

Ainda não totalmente recuperada do derrame que sofreu em 2004, o que quase fez com que abandonasse o cinema, a criativa cineasta realizou uma adaptação totalmente inovadora do clássico conto de Perrault escrito no final do século XVII.