Críticas de filmes, crônicas, artigos diversos sobre o mundo do cinema.
Assassinos da Lua das Flores (2023, Martin Scorsese)
por Davi Krasilchik
Renovando a sua habilidade como mestre do cinema americano, Martin Scorsese propõe a investigação de rostos e culturas sob a fantasia do épico de western. Através de um jogo de múltiplas perspectivas, ele denuncia o monopólio da visão dos grandes vencedores históricos e desconstrói caminhos percorridos ao longo de sua carreira.
Máscara de Ferro (2023, Kim Sung-Hwan) | 47ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo
Por Marcos Kenji
Por questões melhor explicadas pela geopolítica mundial, a indústria cinematográfica sul-coreana tem uma produção amplamente influenciada pelos norte-americanos. O gênero do drama esportivo, para Hollywood, é um formato vantajoso para inserir o sonho americano, com o discurso de que “quando se trabalha, é possível subir na vida”. Só em 2023, essa noção já gerou alguns filmes de relevância, dentre eles Creed III (2023, Michael B. Jordan) e Gran Turismo (2023, Neill Blomkamp). Máscara de Ferro, no entanto, prova como os sul-coreanos superam, à sua maneira, os americanos, utilizando referências da própria cultura.
Anatomia de uma Queda (2023, Justine Triet) | 47ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
Por Luca Scupino
Se há uma característica que faz do “filme de tribunal” um gênero propriamente cinematográfico, esta reside no conflito entre o visto e o não-visto, em como a realidade se vê transformada em narrativa. A despeito de seus vícios (a verborragia talvez o mais fácil de ser apontado deles), é de sua natureza o debate sobre um grande fantasma do cinema: o extracampo. Afinal, de 12 homens e uma sentença (1957, Sidney Lumet) a JFK (1990, Oliver Stone), como elaborar sobre algo que o filme não nos mostra? O bom cineasta, nesse sentido, nada mais é que um promotor, pendendo a realidade com sua câmera, pedindo a nós que julguemos os fatos com base em evidências jamais inteiras, sempre impuras enquanto mediadas por um olhar.
Rodas e Eixos (Jumpei Matsumoto) - 47° Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
Por Pasquale Vincenzo Galatro
Um abismo pode ter muitos rostos e assumir diversas formas. Afinal, longe de ser um lugar, nada mais é que um estado. Para muitos, o abismo é a falha de uma narrativa, de um projeto ou de um sonho, se tornando apenas a parte opaca e oculta de uma existência sem lembranças e sem futuro.