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Hannah Höch (1889–1978): fragmentos do mundo

 

por Fabiola B. Notari

A fotomontagem surge como manifestação artística no período das vanguardas, torna-se reflexo de uma sociedade fragmentada que busca se reconhecer e se reconstruir em plena transformação social, política e cultural.

Na passagem do século XIX para o XX, Hannah Höch nasce e com ela toda uma geração que busca por meio da arte a tão almejada mudança. Sua formação em artes gráficas e seu profundo envolvimento com o movimento Dadaísta, a tornam referência na arte da fotomontagem.

O tema central de seus trabalhos é a mulher, o confronto entre a “antiga” e a moderna mulher alemã levantando questões relativas à sexualidade e aos seus papéis de gênero na nova sociedade. Com essas imagens Höch abordou medos, possibilidades e as novas esperanças para as mulheres na Alemanha moderna.

No entanto, no livro Bilderbuch Höch apresenta fotomontagens voltadas para o universo infanto-juvenil. Criado depois da Segunda Guerra Mundial, Höch montou em seu Bilderbuch – livro de imagens – um jardim zoológico com fotomontagens acompanhado por uma série de poemas simples. Infelizmente, o livro não foi publicado em sua totalidade até 1985, quando teve tiragem limitada de 200 exemplares.

No Bilderbuch, tanto as imagens quanto as palavras foram criadas por meios da montagem, justaposição e sobreposição de fragmentos fotográficos retirados de impressos, os quais juntos criam outra coisa, um resultado inesperado que possibilita o leitor sonhar acordado, fazendo florescer a infância esquecida.

Segundo Walter Benjamin “Mas quando um poeta moderno diz que para cada um existe uma imagem em cuja contemplação o mundo inteiro submerge, para quantas pessoas essa imagem não se levanta de uma velha caixa de brinquedos?”. É assim que o livro Bilderbuch pode ser lido, como a possibilidade de resgate da visão pueril do mundo, cuja ordem encontra-se na desordem das partes, onde o impossível torna-se possível. Não é este o mote de toda revolução?

 

Hannah Höch – Bilderbuch, 1945 - Reimpresso em 2008 pela editora The Greenbox

 

 

Hannah Höch – Bilderbuch, 1945 - Reimpresso em 2008 pela editora The Greenbox

 

 

Hannah Höch -  Bilderbuch, 1945 - Reimpresso em 2008 pela editora The Greenbox

Hannah Höch – Bilderbuch, 1945 - Reimpresso em 2008 pela editora The Greenbox

Hannah Höch – Autorretrato - 1930

 

Referências:

ADES, Dawn. Photomontage. London: Thames and Hudson, 1993.

BENJAMIN, Walter. Brinquedos e jogos. In: Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação. Trad. de Marcus Vinicius Mazzari. São Paulo: Editora 34, 2002

FABRIS, Annateresa. A convergência com os meios de comunicação de massa. In: O desafio do olhar: fotografia e artes visuais no período das vanguardas históricas. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011.

 

Artigo de Nicole Rudick sobre livro Picture Books de Hannah Höch

http://thoughtcatalog.com/nicole-rudick/2010/08/hannah-hoch-picture-book-dada-green-box-review/Acessado em 06 de julho de 2015, às 18:00

 

White Chapel Gallery

http://www.whitechapelgallery.org/about/press/hannah-hoch/

Acessado em 06 de julho de 2015, às 12:20.


[1] Fabiola B. Notari é artista visual e pesquisadora. É doutoranda em Literatura e Cultura Russa no Departamento de Letras Orientais (DLO/FFLCH/USP) e mestre em Poéticas Visuais pela Faculdade Santa Marcelina (FASM/ASM). Leciona História da Fotografia e Fotomontagem no Curso Superior de Fotografia no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo e coordena o Grupo de Estudos Livros de artista, livros-objetos: entre vestígios e apagamentos na Casa Contemporânea.

http://casacontemporanea370.com/article/Grupo-de-Estudos-Livros-de-artista-livros-objetos-.html

Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/1828197136276074