Programa II - "Encontros"
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Este programa destaca os filmes produzidos nas últimas décadas
do século XX. Estão incluídos trabalhos de europeus
(Inglaterra, França, Itália e Alemanha), norte-americanos
e brasileiros, que resultam de projetos em parceria com comunidades indígenas
ou fruto de pesquisas realizadas por antropólogos ou cineastas.
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Xingu Terra Maureen Bisiliat,
16mm, 106, 1981. (Cinusp, dia 9, 19h)
Verão índio em Genebra (Été
Indien à Genève) - Volkmar Ziegler, 52, 1986. (Cinusp,
dia 9, 12h30))
Nawa Huni, um olhar indígena sobre nosso
mundo (Nawa Huni, Un regard indien sur notre monde) Barbara
Keifenheim, Patrick Deshayes, 60, 1988.
O enigma verde de Altamira (The green puzzle
of Altamira) Lode Cafmeyer, Gustaaf Verswijver, 52, 1989.
(Cinusp, dia 10, 12h30)
Memórias do Orinoco (Mémoires
dOrenoque) - Alain Rastoin, 52, 1991. (Cinusp, dia 11,
12h30)
A Arca dos Zoé - Dominique
Gallois/Vincent Carelli, 22, 1993. (Unibanco)
Taking Aim Mônica Frota,
Renato Pereira, 40, 1993. (Cinusp, dia 7, 12h30)
Iãkwa, o Banquete dos Espíritos
Virginia Valadão, 1995, 75. (Cinusp, dia 11,
19h))
O Corpo e os Espíritos (Le Corps et
les esprits) Mari Corrêa, 60, 1997. (Cinusp, dia
10, 19h))
Morayngava Regina Müller e
Virgínia Valadão, 16, 1997. (Unibanco)
Segredos da Mata Dominique Gallois/Vincent
Carelli, 37, 1999. (Unibanco)
Uma assembléia Ticuna - Bruno
Pacheco de Oliveira, 20, 2000. (Unibanco) |
Ficha técnica e sinopse dos filmes
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Título:
Xingu Terra
Título Original: Xingu Terra
Bitola Original: 16mm/cor
Direção: Maureen Bisilliat
Produção: Taba Filmes, Brasil, 1981
Duração: 106
Documentário cinematográfico e etnográfico de longa
metragem rodado em maio/junho de 1977 na aldeia dos índios Mehinaku,
que vivem no alto Xingu, no parque indígena criado pelos irmãos
Villas-Boas em 1961. Maureen Bissiliat (nascida na Inglaterra e naturalizada
brasileira) é fotógrafa e documentarista. De concepção
clássica, registrando a vida tribal na plenitude das tradições
seculares, Xingu/Terra documenta a preparação e celebração
da festa das Yamaricumã. A cerimônia consiste na reencarnação
de uma lenda matriarcal originária das tribos Karib - que
se tornou tradicional de todas as mulheres xinguanas. Por um dia as mulheres
lutam e vivem como homens. Segundo Orlando Villas-Boas: "no dia da
festa o ar se agita. A pressão transparece em todos os rostos. Altivas
e passivas, as mulheres são sombras de uma raça guerreira
extinta no tempo! Até hoje as Yamaricumã caminham, sempre
enfeitadas e cantando; arco e flecha na mão continuam viajando, viajando
sempre. Caminhando noite e dia sem parar."
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Título:
Verão índio em Genebra
Título original: Été Indien à Genève
Bitola original: Betacam/cor
Direção: Volkmar Ziegler
Produção: Suiça, 1986
Co-produção: Télévision Suisse
Romande (TSR)
Duração: 52
De 1982 a 1986 o Grupo de Trabalho Sobre as Populações
Indígenas se reuniu regularmente nas Nações Unidas
em Genebra. Vieram representantes indígenas do mundo inteiro
para falar das relações dos direitos fundamentais que
vitimam os povos e para contribuir na elaboração de
normas para garantia dos direitos de liberdade dos 200 milhões
dos índios do mundo.
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O filme aborda cinco de suas preocupações mais significativas:
nação, território, genocídio, etnocídio,
autodeterminação. Deram testemunhos Jimmie Durham,
Cherokee, Estados Unidos da América; Mario Juruna, Xavante,
Brasil; Alvaro Tukano, Tukano, Brasil; Rigoberta Menchú,
Quincho, Guatemala; Ramiro Roynaga, Quechua, Bolívia; Haunani-Kay
Trask, autóctone, Havaí.
Prime d'Etude de L'Office Féderal de la Culture Berne, Suiça,
1996. Prêmio principal e prêmio da Comissão Andina
do juristas no 3o. Festival du Cinéma des Peuples Indigèges,
Caracas/Venezuela, 1989.
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Título:
Nawa Huni Um olhar indígena sobre o nosso mundo
Título original: Nawa Huni - Regard Indien sur lautre
monde
Bitola original: 16mm/cor
Direção: Barbara Keifenheim/Patrick Deshayes
Produção: Les films de la Liane/BK Films/CNRS Audiovisuel,
França, 1983/86
Duração: 60
francês
En 1983, Patrick Deshayes et Barbara Keifenheim projetam vários curtas
metragens feitos na Alemanha aos índios Kashinawa da Amazônia
peruviana (fronteira com o Brasil). Estes nunca haviam visto imagens cinematográficas.
As projeções provocam reações incríveis.
Referindo-se aos mitos, aos relatos históricos e também às
práticas alucinógenas, os Kashinawa comentam os filmes e através
deles revelam sua concepção sobre o mundo dos brancos. Na
língua Kashinawa, uma mesma palavra designa homem branco
e alucinógeno: nawa huni
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Título:
O enigma verde em Altamira
Título original: The green puzzle of Altamira
Bitola original: 16mm/cor
Direção: Lode Cafmeyer
Produção: Lode Cafmeyer,Belgica,1990
Co-produção: Color by Dejonghe
Duração: 52
A partir do encontro de Altamira, realizado em fevereiro de 1989, o primeiro
encontro dos povos indígenas brasileiros realizado principalmente
através da iniciativa dos Kayapó, chama a atenção
do mundo para a iminente destruição da floresta amazônica:
a casa do índio. O filme procura compreender como os Kayapó
têm conseguido manter sua estrutura social, política e econômica
ao longo de uma história de crises profundas e constantes, provocadas
após o contato com os homens brancos. O enigma verde de Altamira
alterna as possibilidades de vida e de morte da floresta amazônica
e de seus povos, principalmente os Kayapó. |
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Título:
Memórias do Orinoco
Título original: Mémoires dOrenoque
Bitola original: 16mm/cor
Direção: Alain Rastoin
Produção: Alain Kerjean/ Alain Rastoin, França,
1984.
Duração: 52
Memórias do Orinoco refere-se a crônica da exploração
na Amazônia venezuelana, do rio Herita, um braço de um
afluente do Orinoco. O etnólogo Jacques Lizot vive desde 1968
entre os índios Yanomami. Ele é o único estrangeiro
que visitou esta região isolada e há quinze anos aceitou
que membros da Sociedade de Geógrafos de Paris se juntassem
a ele e aos seus amigos índios. Ele deseja retornar ao alto
Herita a fim de atualizar seus estudos sobre parentesco. Ameaçados
do lado brasileiro por exploradores de ouro, os Yanomami vivem aqui
numa América pré-colombiana. |
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As dificuldades
de acesso e sua reputação guerreira explicam seu isolamento.
A expedição geográfica consegue entrar em contato com
a comunidade Kakachiwë, onde permanece duas semanas, antes de tomar
o caminho da Grande Montanha dos Yanomami, um imenso bloco de granito preto,
e de descobrir as nascentes do Herita, quedas espetaculares que serão
pela primeira vez filmadas. Talvez seja o último depoimento do célebre
etnólogo antes de sua volta para a França, uma viagem inversa
igualmente difícil quanto seu aprendizado no mundo yanomami.
Em meados dos anos 80, Lizot, resolve retornar a França, tendo produzido
uma vasta obra sobre a cultura deste povo indígena.
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Título:
A Arca dos Zoé
Título original: A Arca dos Zoé
Bitola original: Betacam/cor
Direção: Dominique Gallois/Vincent Carelli
Imagens em VHS: Kasiripina Waiãpi
Produção: Centro de Trabalho Indigenista (CTI),
Brasil, 1993
Duração: 22
Waiwai, um dos chefes Waiãpi (Amapá), relata na sua
aldeia a viagem que ele empreendeu para encontrar e filmar os índios
Zoé (Pará), grupo contactado na década
de 80 que os Waiãpi tomaram conheceram através das imagens
em vídeo.
Os dois grupos indígenas falam línguas próximas
da língua Tupi e partilham um grande número de tradições
culturais. Hoje os Zoé vivem a experiência de contato
que os Waiãpi viveram há vinte anos. Na ocasião
do encontro, eles comparam suas tecnologias, suas festas e sua mitologia.
Os Zoé oferecem aos seus visitantes a possibilidade de
redescobrirem o modo de vida de seus antepassados e, por sua vez,
os Waiãpi alertam os Zoé dos perigos do mundo
dos Brancos, um mundo sobre os qual estes índios isolados estão
ansiosos para conhecer. Este trabalho Integra o projeto "Vídeo
nas Aldeias". Prêmios: "Sol de Ouro" no 9o. Festival
Rio-Cine, Brasil, 1993; JVC Presidents Award no 16o. Tokyo Video
Festival, Japão, 1993; Melhor Curta Metragem no 16o. Festival
Internacional Cinéma du Réel, Paris, 1994; Melhor Vídeo
na II Mostra Nacional de Cinema e Vídeo de Cuiabá, 1994.
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Título: Taking
Aim *
Título original: Taking Aim
Bitola original: Hi 8/cor
Direção e Produção: Mônica
Frota, Brasil/EUA,1993
Co-produção: CAPES/USC (Center for Visual Anthropology)
Duração: 40
Inglês
Apropriação que os índios Kayapó fazem
da tecnologia do vídeo enquanto instrumento de intervenção
cultural e política. Realizado a partir de imagens originais
do projeto Mekaron Opoi DJoi ("aquele que cria imagens",
na língua kaiapó), imagens de arquivo, fotografias e
animação por computador, o filme questiona e subverte
as formas convencionais de representação de sociedades
tradicionais, sendo irônico e provocativo em sua abordagem sobre
poder e representação. Este filme foi premiado em diversos
festivais internacionais, destacando-se o Grande Prêmio
no Festival Internacional do Vídeo de Hiroshima (1995), Prêmio
Hugo de Prata no 30o. Festival Internacional de Filmes de Chicago
(1994).
* em português a tradução desta expressão
corresponderia "mirando"
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Título:
Morayngava, o desenho das coisas
Título original: Morayngava, o desenho das coisas
Bitola original: Betacam/cor
Direção: Regina Müller e Virgínia
Valadão.
Produção: Centro de trabalho Indigenista, Brasil,
1997
Duração: 16
Morayngava, o "desenho das coisas", Yngiru, a "caixa
das almas", os filmes, sonhos dos pajés. Assim, os Assurini
definem o vídeo recém chegado em sua aldeia. Ao descobrirem
que é possível guardar suas imagens, os velhos lamentam
não ter gravado seus antepassados, mas resolvem registrar a
iniciação de um pajé, tradição
ameaçada pelos novos tempos. Este trabalho Integra o projeto
"Vídeo nas Aldeias".
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Título: Yãkwa, o banquete
dos espíritos
Título original: Yãkwa, o banquete dos
espíritos
Bitola original: Betacam/cor
Direção: Virgínia Valadão
Produção: Centro de Trabalho Indigenista, Brasil,
1995
Duração: 54
Documentário em quatro partes sobre o ritual Yãkwa,
dos índios Enawenê Nawê. Todo ano, ao longo de
sete meses, os índios oferecem comida aos espíritos
Yakairiti. Dançam e cantam revivenciando seus mitos. Este trabalho
Integra o projeto "Vídeo nas Aldeias". Prêmios:
"Selected Work" no 18o. Tokyo Video Festivalk, 1996; "Prêmio
Pierre Verger" no concurso de Vídeo Etnográfico
da Associação Brasileira de Antropologia, 1996; Melhor
documentário no 12o. Rio Cine Festival, 1996; Prêmio
do Júri Popular no TVE Rio Cine Festival, 1996; Melhor vídeo
Documental e Prêmio Walter da Silveira da XXIII Jornada de Cinema
da Bahia, 1996.
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Título:
O corpo e os espíritos
Título original: Le corps et les esprits
Bitola original: Betacam/cor
Direção: Mari Corrêa
Produção: Les films du Village, França,
1996.
Duração: 54
O filme relata o encontro entre duas visões opostas da saúde,
da doença e da cura. No Parque Indígena do Xingu, médicos
e pajés tentam conciliar medicina moderna e xamanismo. O filme
enfoca esse convívio: a tentativa de diálogo inter-cultural
e o confronto de cosmovisões antagônicas. Com a cumplicidade
do Pajé Prepori, preocupado em transmitir seu conhecimento
as novas gerações, o filme se torna, para ele, uma forma
de testamento oral destinado aos seus filhos, netos e descendentes,
instrumento contra o esquecimento de suas tradições.
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Do lado
da equipe medica, o Dr. Douglas, coordenador do Programa de Saúde,
reflete sobre a inevitável interferência que provoca a medicina
no universo indígena, sua eficácia e seus limites. O filme
questiona as possibilidades desse diálogo entre culturas. Premiado
no Bilan du Film Ethnographique, Paris, 1997.
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Título:
Segredos da Mata
Título original: Segredos da Mata
Bitola original: Betacam/Hi 8/cor
Direção: Dominique Gallois e Vincent Carelli
Produção: Centro de Trabalho Indigenista, Brasil, 1998
Duração: 37
Quatro fábulas sobre monstros canibais narradas e interpretadas pelos
índios Waiãpi da aldeia Taitetuwa (Amapá). "Fizemos
o vídeo - dizem eles para alertar os incautos. Até
um não-índio pode ser devorado por estes monstros ao entrar
na mata". Este trabalho Integra o projeto "Vídeo nas Aldeias".
Prêmio de Prata no 20o. Tokyo Video Festival, 1998; Prêmio Vitral
pelo Movimento Nacional de Vídeo de Cuba no VI Festival Americano
de Cinema e Vídeo dos Povos Indígenas, Guatemala, 1999.
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Título:
Uma assembléia Ticuna
Título original: Uma assembléia Ticuna
Bitola original: vídeo digital/cor
Direção: Bruno Pacheco de Oliveira
Duração:20
Produção: .DOC, Produções Audiovisuais,
Brasil.
Documentário realizado na região do Alto Solimões
AM, que mostra a vida e a organização política
dos índios.
"Como conjugar os valores e práticas da tradição
indígena com as alternativas e exigências do mundo
moderno? Em 20 minutos, o filme registra a assembléia que
reuniu diversas lideranças ticunas a fim de debater seus
projetos e ambições. Entre os depoimentos mais incisivos,
sobressai o de um sobrevivente ao massacre de 14 ticunas em 28 de
março. Os Ticuna são o maior povo indígena
do país, com cerca de 32 mil pessoas, distribuídos
em mais de cem aldeias".(Folha de São Paulo, 15/02/2000).
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