Programa I - "Visões"

Destacará os filmes que marcaram o nosso século, desde a década de 10 até os dias de hoje; desde os filmes do Major Thomaz Reis, cinegrafista de Rondon, até os filmes mais recentes que apontam para sensibilidades e preocupações distintas.

Este programa é composto de dois blocos temáticos: 'Visões sobre o índio' e 'Personagens'.


Visões sobre o índio

Os povos indígenas sempre despertaram, senão um interesse, uma curiosidade, responsável por um farto imaginário. Foi a partir da década de 70, com o adensamento de vários projetos de desenvolvimento na Amazônia, que concentra hoje cerca de 70% da população indígena brasileira, que o mundo se debruçou a denunciar os processos violentos por que passavam estes povos.
Ao lado da denúncia, outros trabalhos resgatam uma visão poética ou mais humana do que significa a experiência do contato com tais povos. Diferentes visões, olhares de dentro e fora do Brasil é o que se propõe aqui. Os filmes abaixo encontram-se listados por ordem cronológica de produção, entre filmes considerados ‘ficção’ e ‘documentários’.


Cinejornal Brasileiro, n. 33 – vol 4. Sobre a terra dos Xavantes – DIP 9’, 1945. (Unibanco)

Expedições famosas – James Marshall, 1953, 24’, P&B . (Unibanco)

Cinejornal Informativo n. 6, 2’, 1965. (Unibanco)

Uirá, um índio em busca de Deus – Gustavo Dahl, 90’ , 1974. (Unibanco)

Terceiro Milênio – J. Bodanzky e W.Gauer, 90’, 1981. (Unibanco)

Na trilha dos Uru Eu Wau Wau (The Search for the kidnappers) – Adrian Cowell, 52’, 1983. (Cinusp, dia 8, 19h)

Povo da Lua, povo do sangue – Marcelo G. Tassara, Claudia Andujar, 27’ , 1984. (Cinusp, dia 11, 19h))

Os Yanomami do rio do Mel (Les Yanomami de la Rivière du Miel) – Volkmar Ziegler, 55’,1984. (Unibanco)

A Canoa do Peixe-Cobra – Uma viagem pelo rio Amazonas (Das schlangen fischkanu, eine Flussreise in Amazonien) - Herbert Brödl, 87’, 1984. (Unibanco)

Brincando nos campos do Senhor (At Play In The Fields of Lord) – Hector Babenco, 120’, 1991. (Cinusp, dias 14, 15, 16 e 17, 19h)

Índios do Amazonas (Indians of the Amazon - série: The indians of America 500 years later - Marco Poli e Giovanna Cossia, 26’, 1992. (Cinusp, dia 7, 12h30)

A Guerra de Pacificação na Amazônia (La guerre de Pacification en Amazonie) - Yves Billon, 90’, 1993. (Unibanco)

Tigrero, o filme que não foi feito (Tigrero: the film was never made) – Mika kaurismäki, 58’, 1994. (Unibanco)

Diário da Amazônia (Amazon Journal) - Geoffrey O’Connors, 60’, 1996. (Unibanco)

Yndio do Brasil – Sylvio Back, 70’, 1996. (Unibanco)

Hans Staden - Luiz Alberto Pereira, 92’, 1999.

A paisagem e o sagrado - Paschoal Samora, 26’, 2000. (Unibanco/ Cinusp, dias 9 (19h) ,14, 15, 16 e 17, 12:30h)


Personagens

Este bloco engloba filmes produzidos por e sobre "personagens" (profissionais de origem diversa e de épocas distinta) que desempenharam um papel importante na difusão da imagem do índio no Brasil e fora do país. Esta produção inicia-se no início do século XX quando o cinema também está sendo criado no Brasil e estende-se até os anos 60 e aquela produzida sobre estes personagens realiza-se entre os anos 1970 e 1999.

Rituais e Festas Bororo – Major T. Reis, 20’, 1916. (Cinusp, dia 8, 12h30)

O mundo perdido de Wladimir Kozak (1897-1979) – Fernando Severo,1988, 15’. (Cinusp, dia 8, 19h))

Os Xetá da Serra de Dourados – W. Kozak, 43’, 1957. (Cinusp, dia 8, 19h)

Heinz Forthmann - Marcos de Souza Mendes, 55’,1990. (Unibanco)

Kuarup – Heinz Forthmann, 20’, 1963/64. (Unibanco)

Funeral Bororo – Maureen Bisilliat, 47’, 1990. (Cinusp,dia 8, 12h30)

Tsa’amri, de alguém que partiu para se tornar índio (Tsa’amri – von einem, der auszog, indianer zu verden) - Eike Schmitz, 77’, 1991. (Unibanco)

O Cineasta da Selva – Aurélio Michiles, 87’, 1997. (Unibanco)

No paiz das Amazonas – Silvino Santos, 106’, 1922 (exibição de 7’). (Unibanco)

Bubula, o cara vermelha - Luiz Eduardo Jorge, 27’, 1999. (Unibanco/Cinusp, dia 7, 19h)
 


Ficha técnica e sinopse dos filmes

Título: Cinejornal Brasileiro número 33 - volume 4
Título original: Cinejornal Brasileiro número 33 - volume 4
Bitola original: Filme 35mm/p&b
Direção e Produção: Departamento de Imprensa e Propaganda, Brasil,1945
Duração:9’
Realizado pelo (DIP) Departamento de Imprensa e Propaganda, produtora de cinema estatal durante o período do Estado Novo. Mostra uma visita do presidente Getúlio Vargas até o rio das mortes, onde os irmãos Villas-Boas realizavam a expedição Roncador - Xingu, sob os auspícios da Fundação Brasil Central. Tomadas aéreas da cidade de Aragarças, no rio Araguaia, buscam mostrar seu crescimento, exemplo claro da "vontade empreendedora que caracteriza os dias de hoje". Tal ímpeto é ainda ressaltado por tratar-se de uma cidade tão próxima dos "ferozes" índios Xavantes.

Título: Expedições famosas
Título Original: Expedições famosas
Bitola Original: 16mm/ p&b
Direção: James Marshall
Produção: ABC, EUA,1953
Duração: 24’
Um dos episódios de uma série de documentários produzidos para TV que registrou as principais expedições da atualidade. Neste programa o aventureiro e explorador James Marshall acompanha o grupo liderado por Orlando Villas-Boas que com ajuda de Krumari (índio Txucarramãe que já vive entre os brancos), objetiva obter o primeiro contato amistoso com os Txucarramãe. Orlando Villas Boas é representado como herói e verdadeiro diplomata na relação e na proteção dos índios contra a desumanidade praticada por outros exploradores. Apesar da visão humanista o vídeo é uma perspectiva estritamente da cultura do branco. O filme reflete bem o olhar exótico e romântico que o mundo tinha sobre os índios, a Amazônia, o Brasil e sobre o trabalho dos irmãos Villas-Boas.

Título: Cinejornal Informativo n¹ 6
Título original: Cinejornal Informativo s/n VII
Bitola original: Filme 35mm/p&b
Direção e Produção: Agência Nacional, Brasil,1965
Duração: 2’
Ministro Cordeiro de Farias realiza entrega de material à turma encarregada de definir o traçado da ligação rodoviária Xavantina-Cachimbo. Cenas com os Xavante e visita do ministro ao Parque Indígena do Xingu.



Título
: Uirá, um índio em busca de deus
Título Original: Uirá, um índio em busca de deus
Bitola Original: 35mm/cor
Direção: Gustavo Dahl
Produção: Alter Filmes Ltda, Brasil, 1974
Duração: 90’
Baseado em um livro de Darcy Ribeiro, o filme foca a trajetória de Uirá, um índio Urubu-Kaapor, na busca pela "terra sem males". A aventura começa após a morte de seu primogênito, quando ele e sua família decidem ir a busca de Maíra o Herói criador nas culturas Tupi. Nesse processo, Uirá e sua família saem de sua aldeia no interior do Maranhão e chegam a capital, São Luiz.Título: O Terceiro Milênio
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Título original: O Terceiro Milênio
Bitola original: 16mm/cor
Direção: Jorge Bodanzky e Wolf Gauer
Produção: Stopfilm ZDF, Brasil, 1981
Duração: 95’
De Manaus, pelo Solimões, Javari e Iça até Coari, Tefé e Tabatinga, através das terras do povo Maiuruna e das aldeias da Nação Ticuna, uma viagem pelos confins do tempo presente.

Agosto de 1980: Evandro Carreira, senador da República, pelo Estado do Amazonas, percorre suas bases eleitorais, conduzindo o espectador por uma viagem absolutamente inédita. O filme segue passo a passo a viagem de um político inflamado que se diz defensor de uma Amazônia ainda desconhecida.

Numa região indecisa entre o Peru, a Colômbia e o Brasil, os cineastas registram o contato do Senador sem tentar interferir na realidade que se apresenta. O contraste entre a beleza da selva e a miséria dos índios, a desconfiança dos líderes da região quanto a bondade de Carreira e os relatos de corrupção da FUNAI estão presentes neste filme sob a ótica do cinema verdade.


Título original
: Povo da Lua, povo do sangue
Bitola original: Filme 35mm/p&b
Direção: Marcelo Tassara
Produção: Comissão pela criação do Parque Yanomami, São Paulo, Brasil,1984.
Duração:27’
Povo da lua, povo do sangue é um documentário realizado a partir do acervo da fotógrafa Cláudia Andujar reunido entre 1972 e 1982. Produzido pela Comissão pela Criação de um do Parque Yanomami, o filme tinha a finalidade de ampliar o impacto político do projeto de criação de território contínuo e reconhecido oficialmente, atuando na conscientização do grande público e dos centros de decisão ao relatar os efeitos devastadores do contato do índio Yanomami com a sociedade nacional. Marcelo Tassara apresenta neste filme um tratamento inovador da linguagem cinematográfica, conjugando elementos documentais pré -existentes - fotos e sons - com a criação estética, através da técnica table-top.

Título
: Na trilha dos Uru-Eu-Wau-Wau
Título original: Na trilha dos Uru-Eu-Wau-Wau
Bitola Original: Betacam/cor
Direção: Adrian Cowell/ Vicente Rios
Produção: Central Independent Television/Universidade Católica de Goiás, EUA-Brasil,1979
Duração: 55’
O filme narra a dramática busca, que empreeendeu Chico Prestes, nas selvas de Rondônia, na tentativa de recuperar seu filho Fabinho, capturado pelos Uru-Eu-Wau-Wau, em novembro de 1979. A equipe de filmagem documenta a expedição da FUNAI, no primeiro contato com os Uru-Eu-Wau-Wau, em contraste com o avanço massacrante da civilização para dentro do território indígena.
Expostos às frentes de Colonização, sem proteção eficiente da FUNAI, a nação Uru-Eu-Wau-Wau fecha a década da destruição contando seus mortos. Este filme integra a série premiada internacionalmente "A Década da Destruição".

Título: Os Yanomami do rio do mel
Título original: Yanomami de la rivière du Miel
Bitola original: 16mm/cor
Direção: Volkmar Ziegler
Produção: Volkmar Ziegler e Pierrettle Birraux, Suiça, 1984
Co-produção: Fonds National Suisse de la Recherche Scientifique
Duração: 55’

Rodado em 1982, o filme acompanhou uma pesquisa sobre ocupação territorial entre as aldeias Yanomami.

Raros são os povos ameríndios que, como os Yanomami do norte do Brasil, puderam preservar o modo de vida tradicional. Uma região de difícil acesso e uma reputação de serem guerreiros temidos os manteve afastados. A intimidade que os Yanomami tem com a floresta é sugerida pelo som ambiente enquanto os mitos ditos nos permitem ver a imbricação do imaginário com o real. Na ocasião de realização deste filme, vários projetos de colonização e de exploração de minério encontravam-se nas mediações do território Yanomami. A propagação das doenças que as acompanhavam era fatal. Prix Nanook no Bilan du Film Ethnographique, Paris, 1986.
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Título
: A canoa do peixe-cobra – uma viagem pelo rio Amazonas
Título original: Das Schlangenfischkanu, eine Flussreise in Amazonien
Bitola original: 16mm/cor
Direção: Herbert Brödl
Produção: Baumhaus Film Brödl
Co-produção: HR - Frankfurt, ORF (Viena), Alemanha, 1984.
Duração: 87’
Dois índios tucano e um velho padre italiano navegam pelo rio Negro em um barco de pesca, rumo ao interior do Amazonas, em busca do peixe-disco. Para os índios tucano, toda vida vem da água. Uma canoa vira cobra e a cobra vira peixe. Nessa canoa do peixe-cobra nasceu também a humanidade e a água vermelha do Rio Negro é o líquido amniótico de seu parto. A separação entre realidade e mito, entre natureza e cultura, entre os homens e seu ambiente orgânico se dilui. O contato com uma natureza que está em tudo, a saudade que ela desperta, a solidão, tudo isso desperta tensões e fantasias durante a convivência no barco e as obsessões dos viajantes à tona.
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Título
: Brincando nos campos do Senhor
Título original: At Play In The Fields of Lord
Bitola original: 35mm/cor
Direção: Hector Babenco
Produção: HB Films/Condor Films, EUA, 1991
Duração: 187’
História de dois aventureiros americanos, sendo um deles mestiço branco cheyenne, que caem em plena floresta Amazônica com seu monomotor. Ao pedirem ajuda para o governo local, este lhes faz uma proposta: bombardear a aldeia indígena dos Narunas, podendo assim voltar tranqüilos. Então Moon, o aventureiro mestiço, sobrevoa a aldeia. A partir daí a história toma outro rumo. O filme conta com a presença de atores como Tom Berenger, John Lighgow, Daryl Hannah, Aidam Quinn, Tom Waits, Kathy Bates, Nelson Xavier, Stênio Garcia e José Dumont.
 

Título
: Índios do Amazonas
Título Original: Indians of the Amazon
Direção: Giovanna Cossia e Marco de Poli
Bitola original: Betacam/cor
Produção: Polimago, Itália, 1992
Duração: 26’
Índios do Amazonas (Peru, Equador e Brasil) mostra as modernas condições de vida de diferentes grupos nativos da Amazônia. Os lamistas, na altas terras da floresta peruana encontraram uma forma de lidar com o mundo dos brancos; por sua vez, próximo a Iquitos os Yagua ainda vivem em casas de madeira no interior da mata e preservaram também, em prol dos turistas, os cachimbos e seus costumes típicos. No leste do Equador assistimos a uma sessão de cura xamanística numa comunidade quechua; uma mulher faz cerâmica inspirando-se em mitos de seu povo. No Brasil, próximo a fronteira com a Venezuela, os Yanomami são um dos últimos grupos nativos vivendo ainda de modo primitivo, sem qualquer contato com a chamada "civilização".
 

Título
: Tigrero, Um filme que nunca foi feito
Título original: Tigrero, a film that was never made
Bitola original: Super 16mm/35mm/cor
Direção: Mika Kaurismäki
Produção: Mika Kaurismäki/Marianna Films Oy, Finlândia, 1994
Produtores associados: Christa Fuller-Lang-Hartmunt Klenke/Premiere, Eila Werning/Yle TVI
Duração: 75’
Em 1954, Sam Fuller foi ao Brasil penetrando na floresta amazônica a procura de locação para seu filme de aventuras "Tigrero; John Wayne, Ava Gardner e Tyrone Power tinham os papéis principais. Era uma história sobre um casal fugindo pela floresta com um tigrero, um caçador de onças como guia. Sam Fuller voou em aviões militares do Rio de Janeiro até o coração da floresta, ao longo dos rios Araguaia e o Rio das Mortes. Este era o território dos índios Karajás. Sam Fuller foi um dos primeiros "gringos" a chegar com uma canoa numa pequena aldeia de índios, levando uma câmera filmadora de 16mm. Lá ele filmou os índios, suas vidas e seus rituais e fez planos para o seu futuro filme. Ao voltar a Los Angeles, Sam Fuller soube pelo produtor da 20th Century Fox que as companhias de seguros tinham recusado assegurar esses atores tão caros; a selva constituia uma locação excessivamente assustadora e arriscada. Tigrero, um filme que nunca foi feito é uma espécie de filme de estrada documentário, tanto do tempo como do local. Enquanto mostra concretamente o retorno de Fuller pela mesma rota de 40 anos atrás até a aldeia dos índios Karajás, o filme também descreve sua carreira como cineasta e o destino dos índios, acompanhando pelo diretor de cinema Jim Jarmuch que entrevista Fuller a respeito do filme que nunca foi feito e de muitos outros assuntos. Este filme não é apenas um documentário comum para televisão, mas, nas palavras de Sam Fuller, "um doc de um film". (extraído do catálogo Finlândia no Brasil – mostra de filmes de Mika Kaurismäki, 1995).


Título
: A guerra de pacificação na Amazonia
Título original: La guerre de pacification en Amazonie
Bitola original: filme 16mm/cor
Direção: Yves Billon
Produção: Les Films du Village, França, 1973
Duração: 90’
Painel ilustrativo que focaliza a situação de vários grupos indígenas em diversas regiões no início dos anos 70, durante a construção da Transamazônica. Merece destaque as cenas dos primeiros contatos com os Parakanã no Pará. Eles são atraídos por presentes que são deixados na florestas e depois se fixam em postos de atração. Em seguida suas terras incluídas em reservas indígenas antes de serem completamente assimilados pela civilização dominante. Este vídeo se interroga sobre o processo de pacificação e o futuro das sociedades indígenas após um processo acelerado de contato com os brancos devido a construção da Transamazônica.

Título
: Diário do Amazonas
Título original: Amazon Journal
Bitola original: Betacam/cor
Direção: Geoffrey O’Connors
Produção: Realis Pictures/Interior Produções, EUA, 1996
Duração: 60’

Após 10 anos de experiência filmando a Amazônia brasileira, o diretor analisa o que passou na região no último decênio: o assassinato de Chico Mendes, em 1988, a prisão do líder indígena Paulinho Payakan, a exclusão dos índios na Conferência das Nações Unidas (Rio/92), a corrida do ouro e o massacre dos Yanomami em 1987.
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Título
: Yndio do Brasil
Título original: Yndio do Brasil
Bitola original: 35mm/cor/p&b
Direção: Sylvio Back
Produção: Usina de Kyno, Brasil, 1995
Duração: 70’
Colagem de dezenas de filmes nacionais e estrangeiros – de ficção, cine-jornais e documentários – revelando como o cinema vê e ouve o índio brasileiro desde quando foi filmado pela primeira vez em 1912. São imagens surpreendentes, emolduradas por músicas temáticas e poemas que transportam o espectador a um universo idílico e preconceituoso, religiosos e militarizado, cruel e mágico do nosso índio.
XXII Jornada Internacional de Cinema da Bahia, 1996 - Prêmio: Melhor Documentário de Longa-Metragem - XXVI Festival de Figueira da Foz (Portugal), 1997 - Prêmio: Melhor Documentário em Língua Portuguesa e Espanhola - Prêmio Especial do Júri - Mostra "Cinema Novo and Beyond" do MoMA (The Museum of Modern Art) (EUA), 1998 (seleção)


Título: Hans Staden
Título original: Hans Staden
Bitola original: 35mm/cor
Direção: Luiz Alberto Pereira
Produção: Lapfilme do Brasil, São Paulo, Brasil, 1999
Co-produção: IPACA/Jorge Neves Audiovisual, Portugal
Duração: 92’
O Filme conta a história de Hans Staden, viajante alemão que em 1550 naufragou no litoral de Santa Catarina. Dois anos depois conseguiu chegar a São Vicente, reduto da colonização portuguesa. Ali ficou trabalhando dois anos como artilheiro do forte de Bertioga; preparava-se nesta época para voltar a Europa, onde iria receber o reconhecimento e o ouro de El-Rei de Portugal, por seus serviços na colônia. Em janeiro de 1554, preocupado com um escravo que havia desaparecido, partiu em sua busca, acabando por ser capturado por índios Tupinambá, tribo inimiga dos aliados dos portugueses, os Tupiniquim. Staden foi levado para a aldeia em Ubatuba onde seria devorado num ritual antropofágico.
"Fazer este filme foi um desafio. A partir da leitura do livro de memórias de Hans Staden "Duas viagens ao Brasil", que me foi dado pela Inês Ladeira, veio a fase da vontade. Que belo filme daria aquele livro. Mas primeiro teria que pesquisar. Pesquisar muito..." (Luiz Alberto Pereira)
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Título
: A Paisagem e o Sagrado
Título original: A Paisagem e o Sagrado
Bitola original: super16mm/cor
Direção: Paschoal Samora, Brasil, 2000
Produção: Grifa Cinematográfica
Duração: 26’
"Abandonaremos nossos corpos sobre essa terra corrompida, mas nossa palavra levaremos para o firmamento. É preciso atravessar a grande água, Tupã nos guiará."

O tom profético dessa frase de um velho índio Guarani, um sábio Pajé que vivia na fronteira entre o Brasil e o Paraguai, às margens do rio Paraná em 1965 reencena o mito do dilúvio inaugural, que desagua na história dos Avá-Guarani. O alagamento de suas terras fez desaparecer Jacutinga, em decorrência da construção da barragem da usina hidroelétrica de Itaipú. Este filme integra a série "Ao Sul da Paisagem" cuja proposta é discutir o conceito de paisagem, a partir da subjetividade dos habitantes de seis diferentes regiões do sul do Brasil. O enfoque é dado nas histórias, lendas, mitos e memórias que permeiam a relação dos personagens do filme com o meio ambiente em que vivem.

Personagens

Título: Rituais e festas Bororo
Título original: Rituais e festas Bororo
Bitola original: 16mm/p&b/mudo
Direção: Luiz Thomaz Reis
Produção: Conselho Nacional de Proteção aos Índios, Brasil, 1916.
Duração: 20’
Este documentário focaliza detalhadamente o conjunto de cerimônias funerárias entre os Bororo (Mato Grosso). Além das imagens, há uma série exaustiva de letreiros com explicações detalhadas a respeito de cada etapa da cerimônia. Luiz Thomaz Reis acompanhou o Marechal Rondon como cinegrafista em suas missões.
  Titulo: O Mundo Perdido de Kozak
Titulo original: O Mundo Perdido de Kozak
Bitola original: 16mm/cor
Direção: Fernando Severo
Produção: Brasil/1998
Duração: 15’
A vida de Vladimir Kozak (1897-1979), tcheco, naturalizado brasileiro que produziu vasta obra de grande valor etnográfico. Destacam-se seus trabalhos sobre índios brasileiros.
Wladimir Kozak, formado em engenharia, chega ao Brasil em 1923 e em logo 1924 visita os Kaingang do Paraná. Durante 30 anos filmará vários grupos indígenas do sul do Brasil. Falece aos 79 anos sem que infelizmente ter visto seu trabalho etnográfico reconhecido.
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Titulo:
Os Xetá da Serra de Dourados
Titulo original: Os Xetá da Serra de Dourados
Bitola original: 16mm
Direção: Wladimir Kozak
Produção: 1957/60
Duração: 43’
Os Xetá da Serra de Dourados é considerado a obra mais significativa de Wladimir Kozak, abordando aspectos da vida dos índios Xetá atualmente extintos.
Título: Heinz Forthmann
Título original: Heinz Forthmann
Bitola original: 16mm/cor/p&b
Direção e Produção: Marcos de Souza Mendes, Brasil, 1990.
Co-produção: FUNARTE/DECINE-CTAv e Associação Brasileira de Documentaristas-DF/Ceprocine
Duração: 55’
Documentário sobre o fotógrafo e cineasta Heinz Forthmann (1915-1978), nascido em Hannover, Alemanha Ocidental, brasileiro por opção. Entre 1942 e 1957, Forthmann trabalhou para o Serviço de Proteção aos Índios – SPI – onde foi fotógrafo do Marechal Rondon e realizou ao lado de Darcy Ribeiro e Orlando Villas Boas uma das mais importantes obras do cinema etnográfico nacional.
Trabalhou, nos anos 60, como cinegrafista para produtores nacionais e internacionais registrando aspectos da vida brasileira. De 1965 a 1978 foi professor da Universidade de Brasília, onde dirigiu o Centro de Recursos Audiovisuais e fotografou vários filmes de cineastas locais. A dispersa e esquecida obra do cineasta Heinz Forthmann (1915-78) tenta ser recuperada através de suas fotografias, de seus filmes e ("Os índios Urubu", "Funeral Bororo", "Kuarup" de depoimentos de contemporâneos entre os quais: João Domingos Lamônica, Darcy Ribeiro, Orlando Villas Boas, Rosita Forthmann, Takumã Kamayurá, Luís Humberto e Vladimir Carvalho. Prêmio de melhor média metragem no 18¹ Festival do Cinema Brasileiro de Gramado, 1990; Hors Concours, XXIII Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, Prêmio Especial do Júri na XVIII Jornada Internacional de Cinema da Bahia, Salvador, 1991.
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Título
: Kuarup
Título original: Kuarup
Bitola original: 35mm/cor
Direção, Fotografia, roteiro e montagem: Heinz Forthmann
Produção: Instituto Nacional de Cinema Educativo (INCE), Brasil, 1961/62
Duração: 20’
O Kuarup está relacionado com a origem do povo xinguano, que é a história de Mavutsinim. Um grupo de índios representa os peixes; outro, as onças. Eles se defrontam amistosamente no ambiente no ambiente ritual. Enquanto o mito é relatado, os índios se movimentam representando os heróis míticos – inclusive Mavutsinim, transformando em tronco de árvore. Este tronco de árvore é que ganha vida através da ação dos xamãs que cantam e tocam chocalhos (trecho da entrevista com Roberto Cardodo de Oliveira, janeiro de 1985. Prêmio Saci do Cinema do Estado de São Paulo (melhor curta metragem), 1963. Menção Especial do festival dei Populi, Florença, 1964.

Título
: Funeral Bororo
Título original: Funeral Bororo
Bitola original: U-matic e 16mm/cor
Direção: Maureen Bisilliat
Produção: Maureen Bisilliat, Brasil, 1990
Duração: 47’
Gravado e editado em 1990, tem como matéria prima original o registro documental etnográfico de um funeral de um chefe da nação Bororo, realizado em 1953 pelo fotógrafo alemão Heinz Forthman e por Darcy Ribeiro. Darcy assistiu o ritual como um representante de Rondon, que era descendente de índios desta nação. Mais de trinta anos depois, Maureen Bisilliat coloca o antropólogo numa ilha de edição para rever o material etnográfico, que sobreviveu ao tempo, telecinado a partir de um velho copião 16mm junto com mais dois rolos de som ambiente. As imagens vão reavivando sua memória e, então, presenciamos o testemunho emocionado de um dos maiores intelectuais da América Latina, ao mesmo tempo em que vemos as imagens de um ritual único.
Título: Bubula, o cara vermelha
Título original: Bubula, o cara vermelha
Bitola original: 16mm/cor/p&b
Direção: Luiz Eduardo Jorge
Produção: Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia-IGPA, Área de Documentação, Digital Films, Brasil, 1999
Duração: 27’

Trajetória histórica de documentação do cineasta e fotógrafo Jesco von Puttkamer durante quatro décadas na Amazônia.
OCIC/Brasil, Troféu Jangada, no 1o. Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental, 1999; Prêmio do Júri Popular no 10o. Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo, 1999; Prêmio Especial do Júri na XXVI Jornada Internacional de Cinema e Vídeo da Bahia, 1999; Troféu Karajá, Universidade Católica de Goiás, III Jornada Científica das Universidades Católicas do centro Oeste, 1999;
Prêmio Marco Antônio Guimarães, pelo melhor uso de material de pesquisa no 32o. Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, 1999; Prêmio Especial do Júri pela pesquisa e resgate da identidade cultural brasileira no 32o. Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, 1999; Prêmio Especial do Júri, pelo resgate da memória nacional no 4o. Festival de Cinema do Recife, 2000.

" A única alegria é que eu sei que em boas mãos se encontram meus milhares de diários e sons gravados e imagens cinematográficas, para que o brasileiro do futuro do ano 2, 3 mil ainda se lembre que ele é descendente daqueles valorosos índios que haviam nessas matas amazônicas, destemidos..." (Jesco von Puttkamer).

Título
: Tsa’amri – de alguém que partiu para se tornar índio.
Título original: Tsa’amri – von einem, der auszog, Indianer zu werden
Bitola original: Betacam/cor
Direção: Eike Schmitz
Produção: Alemanha, 1991.
Duração: 77’
Uma figura estranha. Há 35 anos o alemão Adalbert Heide vive com os
índios Xavante. O que o levou para lá? Quando criança ele lia Karl May (célebre escritor alemão de romances de viagem) e sentia-se fascinado. E assim, ele mesmo tornou-se um cacique, Tsa'amri, que acompanha os índios nas caçadas. Um filme regionalista teuto-brasileiro irônico e nostálgico.

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Título
: O cineasta da selva
Título original: O cineasta da selva
Bitola original: 35mm/cor
Direção: Aurélio Michiles
Produção: Superfilmes, Brasil, 1997
Co-produção: TV Cultura – Governo do Estado de São Paulo
Duração: 87’
Silvino Santos (1886, Portugal-1969, Brasil), começou sua carreira de cinematógrafo na cidade de Manaus quando esta vivia seu apogeu graças ao ciclo da borracha, tornando-se um dos pioneiros do cinema no Brasil. Adotou o Brasil como pátria aos 13 anos de idade, documentou a história de uma Amazônia com uma produção extensa e diversificada. Ao longo dos seus 84 anos realizou nove longas e 57 curtas e médias metragens no Brasil em Portugal, muitas vezes se embrenhando na floresta amazônica com uma câmera de manivela na mão e fazendo as pontas de teste do material filmado nos ocos das gigantes árvores da selva. Para documentar a vida do cineasta, Michiles optou por uma narrativa em flashbacks, intercalados por depoimentos dos filhos do cineasta e dos cinéfilos amazonenses. O ator José de Abreu interpreta Silvino contando sua própria história, refletindo sobre seu trabalho e a época em que viveu. Ele é o elo de ligação entre as imagens de arquivo, as de Michiles e os depoimentos. Prêmio HBO Brasil de Cinema 1997.

Título: No paiz das Amazonas
Título original: No paiz das Amazonas
Bitola original: 16mm/ p&b/ mudo
Direção: Silvino Santos e Agesilau de Araújo
Produção: Brasil, 1922
Duração: 106’
Percurso por alguns rios da bacia amazônica, o filme retrata diversas formas de sobrevivência e trabalho na região: a pesca do peixe-boi e do pirarucu, a extração da balata e do preparo do latex, a extração da castanha e o preparo do guaraná.
No Paiz das Amazonas é considerado o filme mais famoso de Silvino Santos que realizou enquanto funcionário da Cia J.G.Araújo. Foi sucesso de público e crítica permanecendo em cartaz cinco meses no Cine Palais no Rio de Janeiro, além de ser exibido em salas de cinema na França, Inglaterra e Lisboa. Junto de Nanook, de Flaherty (1922), La Crosière Noire (1926) de Léon Poirier, Tabu (1930) de Murnau, o filme No Paiz das Amazonas e No rastro do Eldorado (1925) de Silvino formam um conjunto de filmes de viagem que forneceram aos moradores das metrópoles a oportunidade de se aventurar e descobrir as regiões "mais selvagens do mundo". Aqui, exibimos o trecho final do filme intitulado "Os Índios Parintintins e outros".

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